terça-feira, 20 de agosto de 2013

Passion(2012)



Passion
de Brian de Palma
Rachel McAdams
Noomi Rapace
Karoline Herfurth

Brian de Palma aproveita o remake de Crime d'Amour de Alain Corneau para regressar ao thriller erótico que definiu o seu cinema na década de 70 e 80, com filmes como Obsessão, Blow Out ou Dressed to Kill. Passion surge como uma revisitação nostáligica dessa época, colaborando novamente com Pino Donnagio e utilizando a mesma mise en scene hitchcockiana que fez as delicias dos seus fãs e consagrou assumidamente Brian de Palma como um dos fieis e melhores discipulos de Alfred Hitchcock.

A história tem como principal foco o jogo de manipulação  entre a directora executiva de uma multinacional agencia de publicidade (Christine) e a sua assistente Isabelle (Noomi Rapace) depois de Christine assumir os créditos de uma ideia que afinal era da sua assistente. A partir deste momento Brian de Palma vai gerindo a narratica potenciando a tensão sexual que desenvolveu entre as duas protagonistas para um jogo de subversão e de máscaras que culminará num acto do crime quase perfeito.

Todos ingredientes são familiares a quem conhece a obra do cineasta e apesar da nostalgia ser benvinda, também fica-se com a sensação de que este dejá vu é sinal de uma voz que já perdeu o seu fulgor criativo, apenas para revisitar um lugar comum demasiado confortável para tomar riscos : Passion parece inclusivamente uma obra reactiva a projectos que tem vindo a afastar o cineasta do reconhecimento crítico e publico e que precisa urgentemente de voltar a afirmar uma identidade. 





Não sendo uma obra-prima, ficamos com um curioso thriller manipulatório de máscaras onde a inocência e a culpabilidade estão de mãos dadas com o desejo e a submissão, sobretudo é a celebração de um cinema que vai ficando cada vez mais raro nos dias de hoje, onde tudo é filmado e editado de forma acelerada e imperceptível, Brian de Palma opta pelo seu estilo habitual de mise en scene lento e envolvente, como se a camara fosse deliberadamente a derradeira manipuladora da experiência cinematográfica,  pena que todas as virtudes técnicas acabam por ser prejudicadas por um já referenciado sentimento de dejá vu e sobretudo na escolha do duo de protagonistas que com interpretações amenas não transmitem a Paixão que o filme deveria enunciar.


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