quinta-feira, 29 de agosto de 2013

La piel en que Habito (2011)


de Pedro Almodovar
Antonio Banderas
Elena Anaya
Marisa Paredes



Almodóvar, numa mudança de registo, surge como uma reformulação do conto de Frakenstein de Mary Shelley, onde a criação ganha controlo sobre o seu criador, num estilo de thriller noir ambientado por flashbacks que desenvolvem a narrativa e as personagens ganham relevo e tornam-se cada vez mais complexas.

O cinema de Almodóvar é no verdadeiro sentido da palavra um cinema autoral: a forma como filma a mulher, como posiciona o seu corpo, como nos seduz com a narrativa, a excentricidade das relações, a ambiguidade das sexualidades e satiriza costumes e situações, tudo é identificável independentemente do género em que se inserem os filmes. Existe uma ou mais linhas comuns em todos os filmes do realizador, sendo que este não é excepção porém, nota-se em certos momentos uma autoreferenciação do seu próprio cinema ( a cena da violação não é sem tirar nem pôr, uma colagem de Kika?).Que significará?? uma própria homenagem? O reconhecimento de Kika como um objecto imperfeito à procura de uma operação plástica?Aqui são as personagens de  Vera e Marilia que  estavam na situação, mas vejam o filme e constatem as semelhanças. 



Rossy  dev Palma amordaçada a uma cadeirae Kika violada numa cena memorável e Vera e Marilia na mesma situação. Constatem as semlhanças


Tudo torna-se claro com uma entrevista que deu ao Cinemax, onde ele diz que ser realizador é o que mais de parecido existe equiparável a Deus. Ora a personagem de Robert é um cirurgião plástico, que no meio da tragédia e da dor, movido vingança e através da investigação, acaba por ter o dom da criação, uma segunda pele. Ora vejamos Kika é um dos filmes menos conseguidos de Almodovar, desiquilibrado na narrativa, poderemos extrapolar que Robert é Almodovar e La Piel en que habito, o filme que o realizador teria desejado para Kika?

As analogias são subtis mas claras, Almodóvar observa o seu cinema com um olhar introspectivo, povoando-o de referências quer mais classicas quer mais modernas (Martyrs parece-me outra das referências.) reformula-o e rejuvesnece-o.  Mas mesmo citando o seu cinema, La piel en que habito é um admirável filme cheio de personagens que colocariam kafka e Freud a dar um nó cego na sua mente. Adorava discutir este filme com os meus readers pois considero que  Revelar qualquer detalhe seria estragar a beleza do filme.

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