de Pedro Almodovar
Antonio Banderas
Elena Anaya
Marisa Paredes
Almodóvar, numa mudança de registo, surge como uma reformulação do conto de Frakenstein de Mary Shelley, onde a criação ganha controlo sobre o seu criador, num estilo de thriller noir ambientado por flashbacks que desenvolvem a narrativa e as personagens ganham relevo e tornam-se cada vez mais complexas.
O cinema de Almodóvar é no verdadeiro sentido da palavra um cinema autoral: a forma como filma a mulher, como posiciona o seu corpo, como nos seduz com a narrativa, a excentricidade das relações, a ambiguidade das sexualidades e satiriza costumes e situações, tudo é identificável independentemente do género em que se inserem os filmes. Existe uma ou mais linhas comuns em todos os filmes do realizador, sendo que este não é excepção porém, nota-se em certos momentos uma autoreferenciação do seu próprio cinema ( a cena da violação não é sem tirar nem pôr, uma colagem de Kika?).Que significará?? uma própria homenagem? O reconhecimento de Kika como um objecto imperfeito à procura de uma operação plástica?Aqui são as personagens de Vera e Marilia que estavam na situação, mas vejam o filme e constatem as semelhanças.
Rossy dev Palma amordaçada a uma cadeirae Kika violada numa cena memorável e Vera e Marilia na mesma situação. Constatem as semlhanças
Tudo torna-se claro com uma entrevista que deu ao Cinemax, onde ele diz que ser realizador é o que mais de parecido existe equiparável a Deus. Ora a personagem de Robert é um cirurgião plástico, que no meio da tragédia e da dor, movido vingança e através da investigação, acaba por ter o dom da criação, uma segunda pele. Ora vejamos Kika é um dos filmes menos conseguidos de Almodovar, desiquilibrado na narrativa, poderemos extrapolar que Robert é Almodovar e La Piel en que habito, o filme que o realizador teria desejado para Kika?
As analogias são subtis mas claras, Almodóvar observa o seu cinema com um olhar introspectivo, povoando-o de referências quer mais classicas quer mais modernas (Martyrs parece-me outra das referências.) reformula-o e rejuvesnece-o. Mas mesmo citando o seu cinema, La piel en que habito é um admirável filme cheio de personagens que colocariam kafka e Freud a dar um nó cego na sua mente. Adorava discutir este filme com os meus readers pois considero que Revelar qualquer detalhe seria estragar a beleza do filme.
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