quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Blow-Up (1966)


de Michelangello Antonionni
com David Hemmings, Vanessa Redgrave  e Sarah Miles

Texto original escrito a 19/11/2010

Sinopse: Thomas é um fotógrafo reputado e cobiçado por todas as modelos. Ele encontra-se desencantado com a sua arte e a cidade onde vive. O seu trabalho apesar de exemplar denota uma indiferença perante a fotografia. Tudo isso muda enquanto tira fotos para o epílogo do seu livro e testemunha uma aparente discussão entre namorados. Quando revela as fotografias, essa discussão não é o que aparenta... sucessivos BlowUps revelam um potencial homícidio.

Já não se fazem filmes destes. Blow- Up é daqueles clássicos que marcaram uma época e depois caíram no esquecimento de muitos. Podia-se extrapolar o motivo desse esquecimento, desde os 45 anos de existência deste filme e o facto de que o tornou tão polémico naqueles dias, se tornar quase que irrelevante nos dias de hoje, ou o facto do protagonista, ser uma personagem quase que odiada, pelo seu narcisismo, ou condescendência, ou o facto do filme dar muitas sugestões e não dar solução absolutamente a nada.
Para mim, esse é um dos triunfos do filme: Antonioni não se preocupa a dar a solução, porque ela é o que menos interessa, o que importa é que tal como o protagonista, que redescobre a paixão pela fotografia, nós sejamos capazes de perceber que estamos perante um filme que pode ser interpretado de variadas maneiras, sem detrimento de qualquer juizo de valor, o que importa é a nossa imaginação.
Talvez sejamos como os mimos que terminam o filme a jogar ténis. Não existe bola, nem raquetes. Só existe o som, algo altamente sugestivo e convincente que pode ser interpretado como um sinal de liberdade para os mimos. Esse sentimento assombra Thomas que apesar de não ter resposta absolutamente nenhuma, sente que todos os BlowUps que fez fizeram questionar todo o seu percurso artístico até então, redescobrindo-se como artista e como pessoa.
Como tinha dito não existem filmes destes agora. Que tenham uma lógica, sem ter que haver propriamente uma resposta para tudo. Agora os filmes caem em dois espectros: ou seguem a fórmula canónica do género ou então tem uma disfuncionalidade narrativa tal que nem se consegue perceber qual o seu fio condutor. Blow-Up pertenceu a uma era e não tenho dúvidas que, pelo que tenho lido, a definiu, mas deveria de ser mais lembrado e referenciado em termos de método cinematográficos nos dias de hoje. Filmes destes, fazem falta

Ainda bem que o Cineclube do Porto não se esqueceu de Blowup

Sessão exibida em 18-11-2010 22h Cinema Passos Manuel