sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Le Temps qui Reste (2005)


de François Ozon

Melvil Poupaud, 
Jeanne Moreau, 
Valeria Bruni Tedeschi



François Ozon, depois de 5x2, resolveu debruçar-se sobre a sua trilogia sobre a morte e dá-nos o segundo filme da trilogia, depois de Sans la Sable. Admira-se o registo directo e crú que Ozon imprime a Le Temp qui Reste. O destino fatalista de Romain poderia facilmente dar lugar a subterfúgios que são lugar comum deste tipo de filmes, mas Ozon evita o dramatismo excessivo, o que interessa é a personagem Romain e a sua transformação aos nossos olhos.O tema da morte é recorrente no cinema e toda a gente sabe qual será o desfecho, cabe ao realizador imprimir ao filme uma veia mais ou menos dramática , Le Temps qui reste opta por abordagem mais introspectiva, como se coubesse ao protagonista, uma viagem pela nostalgia do seu passado.
Nesse aspecto, temos que agradecer a Melvil Poupaud que constrói uma personagem carismática que evita o overacting e o excesso de dramatismo. A personagem de Romain é uma miríade de emoções reprimidas que estão em constante conflito com a inevitabilidade do seu destino e a nostalgia das suas recordações. Quando Romain vê o seu futuro segmentado a uns meros meses, ele começa um processo de isolamento e de instropecção, na qual começamos a perceber ou a criar empatia com o seu lado mais arrogante e agressivo. Romain continua o mesmo, apenas transforma-se aos nossos olhos. Não diria que estejamos perante um caso de indulgent self pity, mas sim de um exemplo mais naturalista de character development que só François Ozon sabe fazer. É na cena com Jeanne Moreau que percebemos que é um elemento não entendido da família e que tal como ela, o futuro é uma perspectiva a curto prazo, algo que destoa completamente dos restantes membros da familia  François Ozon está confortável nestas águas, é a sua assinatura como autor, mas como os seus restantes filmes, existe material mais que suficiente para elevar o seu potencial. Em Le Temps qui reste, o problema reside num esquematismo do argumento que existe no ultimo terço final, onde a personagem de Valéria Bruni Tedeschi surge de forma conveniente para conceder ao protagonista uma forma não de se redimir, mas para tornar o seu destino menos fatalista.  Faltou a Temps qui Reste arriscar um pouco mais


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