sábado, 24 de setembro de 2016

Reflections of a Golden Eye (1967)

 de John Huston 
com Elisabeth Taylor e Marlon Brando


Reflections on a Golden Eye é um grande filme, que todos vocês deveriam de conhecer. O filme, baseada no livro de Carson McCullers. O titulo é uma alegoria a um Pavão que vê o mundo através do seu olho de cor dourada. A sua visão interpreta o que vê de uma forma bastante linear, porém no seu âmago revela uma natureza bem mais grotesca e complexa do que aquela que lhe é apresentada.


O trailer acaba por oferecer uma excelente sinopse para o que é oferecido no filme e mostra um dos muitos factores para o falhanço nas bilheteiras. A versão a cores que foi para os cinemas perde em grande escala com a originalmente fabulosa em tons sépia de Aldo Tonti. O filme ganha na forma como nos vai envolvendo na sua mise en scene, e mesmo após ter terminado somos confrontados com uma série de questões que o filme pode (ou não) responder. Estas personagens tem uma história e a sua história lê-se nos seus olhares que tal como o pavão esconde algo bem mais complexo.

Seja no sadismo da relação entre Leonora e o Capitão Penderton, na  homossexualidade deste ultimo, ao affair entre Leonora e o Capitão Langdon à relação de cumplicidade entre a mulher deste e o seu empregado Anacleto, John Huston filma tudo através da complexidade do olhar, como se as personagens vagueassem entre a loucura e a sanidade. Gostei bastante deste filme da forma como subtilmente aborda vários temas de forma tão natural e satírica e consequentemente tão humana.

Pela sua virtuosidade técnica bem como pelo seu arrojo narrativo, este filme deveria de ter trazido reconhecimento ao elenco e à sua equipa técnica, mas acabou por ser um flop e acabou amplamente ignorado. A industria estava a começar a dar os primeiros passos a filmes mais indie, provocativos, mas nem todos acabaram por ter a mesma visibilidade. O filme de Huston acabou por ser um deles,  mas devo informar que Marlon Brando tem aqui uma das suas melhores interpretação, senão a melhor e Elisabeth Taylor, depois do seu estrondoso papel em Virginia Wolf, voltaria a magnetizar os ecrãs. Pena que o público não tenha entendido o grandioso filme que lhes foi apresentado e rapidamente esqueceu um dos grandes filmes de John Huston.


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