sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Phoenix (2014)

de Christian Petzold 
com Nina Hoss, Ronald Zehrfeld, Nina Kunzendorf

"Speak low, darling, speak low
Love is a spark, lost in the dark too soon, too soon
I feel wherever I go
That tomorrow is near, tomorrow is here and always too soon"

O argumento de Petzold e Harun adapta livremente o romance policial "Return from the Ashes" de Hubert Monteilhet de 1963, que também foi tornado em filme em 1965.  Em Phoenix, a balada Speak Low, assombra o filme, durante toda a duração, começa desde o momento em que Nelly Lenz, uma sobrevivente dos campos de concentração completmente desfigurada, (espantosa Nina Hoss) atravessa a fronteira, com ajuda da sua amiga Lene Winter para iniciar um longo processo de recuperação e de reconstrução facial. Recusando o cenário de ir para a Palestina, Nelly mantém-se presa ao passado, ao seu marido Johnny Lenz, que a julga morta. O seu reencontro será uma reaprendizagem, sobretudo com a suspeita que este terá sido aquele que a denunciou aos nazis.

A composição da actriz é notável, dando vida a uma personagem fragilizada pela guerra, sobretudo pela forma contida e expressiva como demonstra as emoções. Ela tal como a cidade está destruida, desfigurada e irreconhecível. E é neste cenário que ela vagueia pela cidade em busca do marido onde é encaminhada ao bar Phoenix e o encontra. Para seu desespero não a reconhece, mas existe sempre a duvida. A partir daí e perante as semelhanças ele aborda-a com uma proposta de esta se tornar na esposa falecida e assim dividirem o dinheiro que conseguirem de esta. 


O filme então adquire um jogo de Máscaras, numa subversão de Vertigo, a Mulher que viveu duas vezes,  Nelly aceita e começa a sua segunda transformação, numa tentativa de que Johnny a reconheça, mas ele só vê o que quer ver, para ele a mulher morreu nos campos de concentração, mesmo quando existem semelhanças e todos os testes feitos comprovam essas semelhanças. Ambos não aceitam a possibilidade, 1- que a mulher possa estar viva 2- que o homem tenha-a incriminado e portanto preferem-na equacionar em silêncio e esperar pela Revelação.

A revelação é feita num dos melhores que vi num filme, tão simples e eficaz, as respostas dadas ao som de Speak Low, analogia perfeita dos 90 minutos de filme e consegue ser desconfortável com recompensador, através dos olhares conseguimos imaginar o seu pensamento e a sua terrivel conclusão. Um filme absolutamente indispensável.


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